Semana Mundial da Amamentação

  
Amamentar é muito mais que alimentar uma criança. É um ato que envolve intimamente duas pessoas, com repercussões na saúde física e mental da mãe e do bebê. O efeito mais dramático da amamentação se dá sobre a mortalidade infantil, graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem a criança contra infecções, principalmente diarreia e pneumonia. O aleitamento materno é a estratégia que isoladamente mais previne mortes infantis. No Brasil, morrem mais de 60 mil crianças menores de cinco anos por ano. Estima-se que o aleitamento materno poderia prevenir, a cada ano, a morte de 7 a 8 mil crianças menores de cinco anos.
Hoje, se sabe que algumas doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, colesterol alto, obesidade, asma, entre outras, ocorrem com mais frequência em indivíduos não amamentados ou amamentados por pouco tempo.
Além da proteção contra as doenças, o leite materno, por ser o alimento próprio da espécie humana, propicia nutrição de alta qualidade para a criança, promovendo crescimento e desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Estudos mostram que as crianças amamentadas têm vantagens sobre as não amamentadas quanto ao desenvolvimento cognitivo.
Não só o conteúdo do leite materno é importante, mas também o exercício que a criança faz para retirar o leite do seio da mãe. Esse exercício promove o crescimento harmônico da face e dos dentes.
O aleitamento materno também contribui para a saúde da mulher. A mulher que amamenta tem menos câncer de mama e de ovário e um risco menor de desenvolver diabetes.
Um aspecto fundamental para a saúde física e mental da criança é o cuidado dispensado a ela. Esse cuidado está diretamente ligado ao vínculo afetivo com os seus cuidadores. Acredita-se que a amamentação, por ser um dos momentos mais íntimos entre dois seres humanos, promova uma forte ligação entre mãe e filho. O indivíduo que tiver as suas necessidades afetivas mais bem preenchidas no início da vida tem mais chance de se tornar um adulto mais saudável sob o ponto de vista mental.
De fundamental importância para as famílias, em especial às mais carentes, e para o Estado é o fator econômico. O gasto médio mensal com a compra do leite adequado para alimentar um bebê nos primeiros seis meses de vida pode consumir mais da metade de um salário mínimo, além dos gastos com mamadeiras, bicos, gás de cozinha e remédios decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas. O Sistema Único de Saúde (SUS) muito economizaria se mais crianças fossem amamentadas no Brasil, pois as crianças amamentadas necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos. E os pais, com filhos mais saudáveis, teriam menos faltas ao trabalho. Assim, não somente as crianças e suas famílias se beneficiam com o aleitamento materno, mas também a sociedade como um todo.
A espécie humana evoluiu e manteve 99,9% da sua existência amamentando suas crianças. No entanto, nos últimos 150 anos houve uma mudança radical na maneira de alimentar as crianças pequenas, a ponto de, na década de 70, poucas mulheres amamentarem no mundo ocidental. O Brasil, a partir da década de 80, passou a trabalhar para resgatar a prática milenar da amamentação, sendo criado o Programa de Incentivo ao Aleitamento Materno. Esse programa recebeu destaque internacional pela sua diversidade de ações, incluindo campanhas na mídia, treinamento de profissionais de saúde, aconselhamento em amamentação individualizado, produção de material educativo, estabelecimento de grupos de apoio à amamentação na comunidade, aprovação de leis que protegem a amamentação e o controle do marketing de leites artificiais. Foi assim que as mulheres brasileiras, que amamentavam por 2,5 meses em média na década de 70, passaram a amamentar em torno de 10 meses nos dias de hoje. Provavelmente este foi um dos fatores que fez com que a mortalidade de crianças tenha caído significativamente no Brasil, a ponto de colocar o Brasil em segundo lugar em ritmo de queda da mortalidade infantil e muito provavelmente atingir o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio no 4, ou seja, reduzir 2/3 das mortes de crianças menores de cinco anos, antes da data estipulada (2015).
Cada cidadão tem uma contribuição para dar para a amamentação.  Os profissionais de saúde, por exemplo, podem apoiar acolhendo a mãe, respeitando-a, transmitindo confiança, ajudando-a a acreditar na sua capacidade de amamentar. Também são os profissionais os responsáveis por oferecer orientações que facilitem a amamentação, além de detectar e tratar problemas relacionados ao aleitamento materno.
Os familiares, amigos e vizinhos podem apoiar reconhecendo o valor da amamentação, acreditando que a mulher é capaz de amamentar, incentivando e encorajando o aleitamento materno, e ajudando ou assumindo as tarefas domésticas para que as mães tenham tempo e tranquilidade para amamentar.
O Governo pode apoiar desenvolvendo políticas públicas e garantindo o cumprimento das leis de proteção à amamentação, a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras e a Lei 11.265.
Os empregadores podem apoiar respeitando e aderindo às leis que protegem a amamentação, respeitando a licença-maternidade e o direito de dois períodos de meia-hora cada para amamentar durante a jornada de trabalho, até os seis meses de vida do bebê, além de criar condições de amamentação ou coleta e armazenamento do leite materno.
Por sua vez, os meios de comunicação podem apoiar cumprindo as leis, divulgando a importância do aleitamento materno e estimulando e promovendo campanhas em prol do aleitamento materno. E é papel das organizações sociais exercer o controle social.
Apesar dos avanços nas taxas de aleitamento materno no Brasil, elas ainda não são as ideais, pois a Organização Mundial de Saúde recomenda amamentação por dois anos ou mais, sendo exclusiva até o sexto mês. Por isso, é muito importante continuar investindo na promoção do aleitamento materno, para um futuro melhor das nossas crianças e da Nação. Vamos todos APOIAR!
Fonte: Área Técnica de Saúde da Criança e Aleitamento Materno, DAPES/SAS/MS (Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde)

0 comentários:

Postar um comentário