É sempre possível proporcionar uma boa experiência de vida, alegria e felicidade na hora do parto. Vou contar porque entendo assim. Recentemente, motivado pela cesariana a ser realizada em uma paciente  desacompanhada naquele momento e ambiente,  já que seus familiares não se julgaram aptos a acompanhá-la, fui motivado à necessidade de tornar a chegada do bebê a mais acolhedora e agradável possível.

 OBS: as fotos deste texto não são da mãe e do bebê desta  cesárea humanizada contada acima, mas da Roseli Xavier e de seu bebê Pedro (que também fez questão de se aninhar em meus braços).

Eu e a equipe  tomamos a decisão de realizar a cesariana humanizada. Procuramos tomar as medidas cabíveis ao caso para  deixar  a paciente mais ativa e participante do seu momento glorioso. Em nossa prática corriqueira muitas vezes passamos por momentos tão magníficos e não dimensionamos a grandeza e a importância de cada minuto, cada contato, cada emoção.

Vivenciar recentemente a visão sistêmica me fez mais sensível a esses momentos, onde valorizo mais e compartilho cada instante significativo no meu cotidiano. O resultado de ter propiciado aquela mãe vivenciar uma emoção  intensa com seu bebê foi mágico e toda a equipe da sala foi contagiada positivamente.

Pedro sendo amado imensamente pelos pais

A experiência foi tão emocionante que me peguei a dar as boas vindas ao bebê, o tomando em minhas mãos e anunciando a ele a presença dos titios adotivos: o anestesiologista;  o cirurgião auxiliar;  a pediatra, os auxiliares, enfim... toda  equipe presente no nascimento,  tornando  o  momento mais humano, com certeza. A chegada de um novo Ser ao mundo é única e como tal, precisa ser celebrada.

O carinho toca a alma

Foi a partir dessa vivência, extremamente emocionante,  minha decisão em  compartilhar essa forma de nascimento, que terei grande motivação em fazer, sempre que possível.

Existe a cesariana humanizada?

A cesariana como prática humanizada existe sim. Cada vez que o parto normal seja impossibilitado pelas mais diversas contra indicações ou complicações do parto vaginal ela pode e deve sempre que possível ser praticada. Existem algumas indicações básicas para que a cesárea aconteça, dentre elas podemos citar como, por exemplo, mulheres que já fizeram duas cesáreas anteriormente e que tem maiores riscos de parto normal, já que as contrações aumentam o risco de ruptura do útero.

Outra situação é quando o bebê não está com a cabeça para baixo, em apresentação não cefálica, sentadinho (apresentação pélvica). E durante o acompanhamento do trabalho de parto o registro deve ser feito no partograma, um tipo de gráfico que controla se as contrações, dilatação, batimentos cardíacos fetais, entre outros parâmetros,  estão adequados a cada hora ou meia hora, surgindo critérios para indicação de cesárea nestes casos, quando o trabalho de parto falhar. Por isso os ginecologistas precisam ficar atentos ao momento em que o procedimento deve ser feito.  

Diferentemente de uma cesárea normal, a mãe passa a ser mais valorizada e participante do momento do nascimento. O obstetra deve buscar as práticas compatíveis com o caso individualizado, aproximando o máximo possível do conceito do parto normal, visando proporcionar o conforto e a segurança da mãe e de seu feto, a participação mais ativa e na medida do possível o respeito à sua vontade e da família. O ambiente para o parto humanizado deve ser de total conforto.

A imagem que fica eternizada na mente e coração de toda mãe

Quais seriam as práticas consideradas humanizadas na cesariana?

Algumas medidas são recomendáveis para que se possibilite a concretização desse ambiente confortável e seguro  para o nascimento, dentre elas citamos os seguintes cuidados:

- Evitar o uso excessivo do ar condicionado. Segundo a pediatra Debora Dal Ponte, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) a temperatura ambiente deve ficar no mínimo em 26 graus célsius;

- Diminuição da intensidade da luz do foco cirúrgico;

- Adequação do som ambiente, diminuindo os ruídos e até mesmo a colocação de um som ambiente compatível com o momento;

- O pai ou acompanhante escolhido pela mãe esteja presente na hora do nascimento. É recomendável e importante a restrição de acompanhantes  no ambiente cirúrgico para a diminuição dos riscos de infecção no pós-operatório;

- O corte costuma ser do mesmo diâmetro de uma dilatação vaginal (aproximadamente 10 centímetros);

- O médico pode ir narrando para a mãe tudo que está acontecendo, descrevendo os procedimentos que estão sendo realizados e anunciando o momento tão esperado;

- Os campos cirúrgicos podem ser abaixados para que a mãe veja seu bebê nascendo;

- A retirada do bebê é realizada de forma mais lenta;

- O corte do cordão umbilical não é feito de imediato, aguardando a diminuição ou o cessar dos batimentos do cordão;

- Caso o bebê esteja em boas condições, após isso, pode ir direto para o colo da mãe e começar a mamar. A principal vantagem desse tipo de parto é o estímulo para a amamentação. O ideal é que seja  na primeira hora, pois quanto mais cedo tiver início, maiores são as chances de dar certo;

- Retardo na separação dos dois, intensificando esse primeiro contato entre a mãe e seu bebê;

- Os primeiros cuidados são feitos ali mesmo, ao lado da mãe, enquanto a equipe termina o procedimento.

Referências:

1- Febrasgo - http://www.febrasgo.org.br/site/?p=8637 acessado 20/11/2016 – 12:00.

2- Raul Briquet; Antonio Guariento. Obstetrícia Normal. Barueri, SP: Ed. Manole, 2011.
 O Dr. João Félix participou de um módulo sobre Constelações Sistêmicas, exatamente o que versava sobre saúde. Se encantou pela temática, pelos mestres e colegas. Vai levar esse "novo" modo de enxergar doenças e pessoas para seu cotidiano profissional. Leia o depoimento humano e sensível do ginecologista obstetra, acompanhado de fotos que demonstram tudo.


 “Sobrevivi. Fui lançado de paraquedas em um mar de extrema profundidade, sem escafandro. Mergulhei  nas profundezas da natureza humana. Foram quatro dias imerso na natureza humana, em um nível de profundidade que desconhecia. Ouvir cada relato, presenciar cada constelação me abriu os olhos para a percepção do universo que cada um de nós representamos. A percepção de nós mesmos e dos outros lindamente conduzida pela Gianeh Borges.

 


Emergi com visão renovada, sensibilidade exacerbada para o lado mais belo do ser humano. “Todos nós somos bons, todos temos algo de bom em nosso interior”, disse o nosso guru Renato Bertate,  um ser iluminado, sensível, perspicaz e profundo.

 
Ficou bem clara a força do Amor do Renato, é impressionante o poder e a força que esse sentimento pode operar no ser humano. Logo na chegada a sensação de acolhimento na primeira dinâmica, simples e profunda, de olhar nos olhos e dizer que estava ali, era a senha para o pouso e desconexão com o mundo lá fora.  A sensação de que estava realmente conectando com um campo, um grupo, as pessoas. Ali começou a sensação de que realmente aquele curso seria diferente.


No primeiro grupo que tomamos parte, no início do curso,  duas bruxinhas já previram: “você não vai ficar só nesse módulo, vai querer participar de todos.” A receptividade e o acolhimento me fizeram sentir em casa para participar, falar, ouvir, opinar, perguntar, é como se fosse membro do grupo há longa data. Uma atitude inusitada minha, que quebrou meu padrão de comportamento de me fechar diante de situações e pessoas desconhecidas e novas, só me abrindo após adquirir confiança. Realmente ali tudo foi diferente.

 
E depois  vieram mais atividades e mais conexões, com  as pessoas, com o lado humano, com o passado, sempre lembrando dos nossos entes queridos que contribuíram para nos trazer até aqui. Mais emoções, reconhecimentos, valorizações, pelas suas vidas, suas lutas e superações. Gratidão por todos eles que de alguma forma estão aqui, presentes em mim. Nesse universo que flutua, nessa  via láctea chamada vida.





Enfim chegou o mestre Renato Bertate, o guru que  conduziria a partir do segundo dia as atividades, com enorme tranquilidade,  paz,  simplicidade,  respeito,  carinho com cada participante, com cada fala, com cada pergunta. Ele é perito na conexão com a fonte de sabedoria e a tradução de cada dúvida para nosso nível de compreensão. 



Traduzindo a beleza do ser humano que habita em cada um de nós, a sensibilidade de perceber cada um escondido na  carcaça e  armaduras que criamos para nos esconder, nos proteger, sobreviver, desnudando o belo que  há em nós.







A força do Amor que opera em cada um, as mais incríveis e inimagináveis reações, atitudes, comportamentos, sacrifícios, compaixão, desmerecimento, expiação.  E o sistêmico externando tudo isso. A doença como manifestação do corpo pedindo socorro para esse conflito, chamando a atenção. 



Para quem tem o olhar,  enxergar, alertar, ajudar, socorrer, o mergulho na alma, no mais profundo nível da natureza humana, a fonte da beleza, do amor, dos sentimentos, carências, sofrimentos, expiações. Assim somos nós, seres humanos!

A certeza é uma: sou muito mais demasiadamente humano após fazer o  módulo saúde e a visão sistêmica do Curso de Extensão do instituto OCA. A mais pura gratidão à idealizadora Gianeh Borges e a todos os novos amigos sistêmicos"!





Com fotos do Pedro Ivo e Creuza Medeiros