Casos de sífilis na gestação aumentaram; Cuidados devem ser redobrados!





A Vila do Sossego do Zé não é mais sossegada. Nessa canção o Zé Ramalho  canta  que o treponema dele não era pálido e nem viscoso. Pois é, hoje ele está ficando vermelho, rojo. Está ficando russo...

A doença retornou, tem dado as caras, aparecendo nas mães e  em seus bebês, a chamada sífilis congênita (que pode provocar várias alterações nada desejáveis no bebê, afetando o sangue, ossos, o sistema nervoso, entre outros).
Há mais de cinco anos eu não tinha visto nenhum caso positivo de sífilis congênita. Mas, há 120 dias...

Foi assim...

Era um sábado  pela manhã, visita de rotina nas pacientes internadas, um início de plantão sossegado. Estava pensando só em dar alta para alguma paciente de pós-parto e liberar leito para as vindouras. 




Mas naquele dia, há uns quatro meses, uma surpresa desagradável me aguardava. A sífilis congênita materializada naquela mulher e bebê. Levei um choque porque significou dizer que a doença conseguiu viver e está reagindo, ganhando força. Sorrateiramente ela sobreviveu, infelizmente.

Resistiu bravamente e agora... Começa a mostrar sua cara,  sua face cruel e maligna. Nesse dia, surpresos, o colega do plantão e eu percebemos a ponta do iceberg, que estão voltando os casos de sífilis, há muito tempo não via um caso de exame de VDRL positivo. E nesse dia, para nossa infeliz coincidência, foram dois casos positivos em um único plantão, sendo um no pré-parto e outro na enfermaria.

Poderiam  ser apenas dois casos isolados, mas não eram.

Em seguida  a Febrasgo (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia) emitiu um boletim de alerta para o recrudescimento da sífilis. Em contato com uma colega de um laboratório, vieram novos dados. Estão realmente  ocorrendo  vários casos de VDRL positivo. 



Panorama atual no Brasil - A situação atual da sífilis no Brasil,  segundo o boletim epidemiológico de 2016, é que de  2011 a junho de 2016 houve um aumento considerável no numero de casos de sífilis em gestantes em todo o país (129.757 casos), atribuídos a uma melhora no sistema de vigilância epidemiológica e a uma possível ampliação no acesso ao diagnóstico. 

São mães jovens, 51,6% das gestantes com sífilis eram da faixa etária de 20 a 29 anos; da raça/cor parda,  (46,7%) conforme registro na série histórica de 2005 a 2016. Mulheres que estudaram de quinta a oitava série incompleta (20,9%),  conforme declararam nos registros de 2007 a 2016.

Houve ainda um progressivo aumento na taxa de incidência de sífilis congênita: em 2006, a taxa era de 2,0 casos/mil nascidos vivos; e em 2015 foram diagnosticados 18.938 casos de sífilis congênita (98,1%) em neonatos, sendo 96,4% na primeira semana de vida, fazendo com que a proporção subisse para 6,5 casos/mil nascidos vivos.


Com esse panorama anunciado, reforço a importância do pré-natal. Em relação ao acesso ao pré-natal, em 2015, 78,4% das mães de crianças com sífilis congênita fizeram pré-natal, enquanto 15,0% não fizeram. Entre aquelas que fizeram o pré-natal, 51,4% tiveram diagnóstico de sífilis durante o pré-natal.

  
Mulheres em idade fértil, redobrem os cuidados em suas relações sexuais, prevenir é o caminho!

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